terça-feira, 27 de abril de 2010

O futuro da internet

Resumindo Gerd Leonhard no Rodavida – vale a pena

Pode ficar tranqüilo, até hoje também não sabia quem diabos era esse sujeito. Mas vi a entrevista dele no Roda Viva da rede Cultura há pouco e achei legal passar isso para frente. Basicamente, um pensador com idéias bem interessantes sobre o futuro da internet e das comunicações. Enfim, vale a pena uma passada de olhos:

(i) na Finlândia o acesso à internet é um direito legal dos cidadãos – ou seja, se você não tiver acesso à banda larga, lá você processa o governo! (bem a nossa realidade...);
(ii) o acesso à internet deveria ser incentivado, no Brasil e no mundo, livre de impostos, por exemplo. Se a economia deveria pagar por este subsídio ao invés de focar em educação e saúde? Sim, estaria no mesmo patamar de prioridades para o investimento pelo governo, por veicular o conhecimento, inclusive conteúdo pedagógico, pela evolução do conceito e forma da educação, além deste ‘tipo de educação’ ter um custo muito menor – ideal para países pobres (queria só saber a porcentagem da molecada que usa a internet para ‘pesquisas escolares’ x Orkut e etc. deve ser algo como 1 x 560.000, mas acho que tem uma certa razão);
(iii) com relação a direitos autorais, ele defende que se poderia baratear o acesso ao conteúdo, inclusive sendo pago por meio de propaganda, ao invés de se ter uma conduta radical como a das gravadoras hoje, de cobrar US$ 50 de cada consumidor por mês ou criminalizar quem não paga – há estudos indicando que se fosse cobrado um dólar por pessoa, a indústria de música dobraria na Europa. Crime seria apenas a pirataria, ou ganhar dinheiro explorando irregularmente a obra de terceiro, diferente do download gratuito;
(iv) sobre o controle de qualidade do conteúdo da net, o melhor controle seria o próprio mecanismo darwinista da internet – o bom conteúdo é divulgado, o ruim não, e etc. De fato, mas talvez haveria uma confusão entre o que é bom e o que é popular... mas quem seria eu ou você para determinar o que os outros devem ver? Acho que qualidade seria a possibilidade de ver algum bom conteúdo porque a net é imensa, mas é fato que a democracia na net não leva necessariamente a qualidade... estão aí as músicas, artistas e sites mais porcarias (mas famosos) pra quem quiser ver;
(v) uma previsão seria a tendência de um sistema de colaboração, em que as pessoas mais colaboram para a criação de coisas do que havendo centralização de poderes ou empresas ou produtos, e isso em escala global, algo como a transição de um ‘egossistema’ para ecossistema. Parece-me um pouco romântico – as pessoas colaboram para seu próprio bem, mas colaborariam para um conteúdo ‘real’? Algumas talvez, mas esperar que a maioria deixaria o conforto da servisão para participar da construção da qualidade coletiva? Não sei se chegamos neste nível de consciência;
(vi) a evolução na velocidade da informação para novos meios cada vez mais imediatos poderia estar criando uma geração mais estúpida, que não pode refletir algo além de 10 palavras? Há estudos que apontam um crescente déficit de atenção nos jovens, incapazes de se concentrar em temas complexos ou que demandam uma maior reflexão, mas o pensador considera a TV muito pior, pela não interação e etc. acha que podemos mais ganhar que perder com a net. Espero...

Abraço!

http://www.mediafuturist.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/Gerd_Leonhard
http://www.tvcultura.com.br/rodaviva/
http://www.estadao.com.br/noticias/tecnologia+link,entrevista-gerd-leonhard,3041,0.shtm

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Iniciativa – guia para deficientes pedintes

Uma coisa que me incomoda mais que um problema, é quando existe uma solução que não parece difícil ou longe, e mesmo assim ele não se resolve.

Não que a grande quantidade de deficientes no Brasil e sua inserção no mercado de trabalho seja algo de solução fácil, claro. Mas olhando realmente para um pedinte no farol que não tinha uma perna, não conseguia deixar de imaginar que era uma pessoa que poderia trabalhar normalmente no que eu fazia (fico na frente de um computador o dia todo...). Ou seja, o fato de ele não ter uma perna não deveria condená-lo a mendicância e miséria. E o pior, a minha eventual caridade dando um trocado não faria nada para mudar isso, e todo dia de sua vida ele voltará ao farol para pedir mais dinheiro. Pensei então se realmente não poderia fazer nada de concreto, a não ser aliviar minha consciência com o trocadinho, o usual altruísmo auto-indulgente que não constrói coisa nenhuma...

Continuei pensando que, no Brasil, por pior que seja, uma pessoa assim não está totalmente desamparada. Há benefícios governamentais para pessoas carentes (bolsa família e cia, que sequer vão alimentar o sujeito); mas, mais que isso, há duas coisas que não sei ao certo se uma pessoa sem instrução tem conhecimento: (i) há benefícios previdenciários para pessoas em incapacidade laboral permanente, que podem garantir um salário mínimo para uma pessoa sem condição nenhuma de trabalhar; e principalmente (ii) já há uma legislação que garante a colocação de deficientes no mercado de trabalho.

Aliado a isso, lembrei que um problema comum em empresas grandes é, paradoxalmente, achar deficientes com qualificação para preencher as vagas que são obrigados por lei para reservas a estas pessoas. Ora, são dois problemas estúpidos: por um lado há deficientes sem trabalho e sem a menor perspectiva – por outro há empresas querendo contratar deficientes sem encontrá-los preparados...

A primeira coisa que pensei, é que seria um ótimo negócio vender para as empresas um serviço de busca e treinamento de deficientes para colocação profissional, já que haveria pouca concorrência (não encontrei nenhuma empresa que faça isso), e ainda faria um trabalho com ótimo resultado social, praticamente ganhando dinheiro para ajudar estas pessoas.

Mas, enquanto não tenho alguns milhões de reais para investir nisso, me veio outra idéia, a de pelo menos fazer uma cartilha, um breve roteiro com os benefícios e orientações para que estes deficientes carentes buscassem seu direito, ou melhor, que saiam da rua para buscar um emprego usando uma legislação que já existe, mas que nem todos parecem conhecer. Nada muito pretensioso, só algumas informações e endereços, um guia inicial mesmo.

O que acham? Pode parecer inútil a muitos, mas acho mais útil do que só fechar o vidro, ou os olhos, para isto, ou dar aqueles centavos para o sujeito continuar pedindo. E, se o pedinte realmente quiser continuar pedindo, você saberá que é, ao menos em parte, porque ele não quer se dar ao trabalho de correr atrás... infelizmente, acontece muito, em todas as classes sociais.

É isso. Quero fazer este roteiro para que possamos divulgar e distribuir a estas pessoas ou instituições. Acho que com nosso conhecimento sobre legislação e mercado podemos ser de alguma ajuda. Mas para isso eu também preciso da SUA ajuda... ou seja, se vocês puderem ajudar de qualquer jeito, contando alguma experiência, buscando legislação ou com o próprio texto, por favor! Só mandar um mail pro endereço ai do lado, ou postar um comentário. Depois disponibilizarei o texto no Google Docs para a devida publicidade.

Aguardo a manifestação de vocês! Nem que seja para criticar ou para mudar o foco da coisa.

Abraços!!