terça-feira, 21 de abril de 2009

Aumentando o QI dos brasileiros (tá precisando!)

Investimento na infância é o que mais dá retorno e no que menos investimos!

Já faz algum tempo que alcançamos a marca de quase 100% das crianças na escola, e é fato que o problema é a qualidade desta educação que forma a maioria delas: investimento baixo, professores mal formados, desmotivados e descompromissados, governos que não se importam em investir no futuro, ainda que seja a coisa mais importante do mundo – simplesmente porque não aparece.
Um exemplo disso é de como o Lula focou tanto nas universidades em seu primeiro mandato e agora tenta correr atrás do prejuízo, enquanto um exército de iletrados acha que uma universidade lixo acessível a ‘todos’ vai ser a solução pra vida. Pelo menos foi pra popularidade do presidente... O MEC só quer números.
Enquanto isso a educação básica sofre. E sofre ainda mais num segmento completamente ignorado hoje: a primeira infância.
Hoje o Brasil tem 85% das crianças de 0 a 3 anos fora das creches (30%, dos 4 aos 6 anos), e as “sortudas” contam com uma estrutura voltada pra estocar as crianças enquanto os pais trabalham, mais do que focar no desenvolvimento delas, que só começaria mesmo no primeiro grau (antes fosse!). Além disso, a maior parte das famílias nem sabe como educar os filhos para desenvolver seus cérebros na idade mais importante para isso, em que mais se absorvem comportamentos e experiências. Mais fácil deixar a molecada correndo pela favela e vendo TV...
Neste sentido, um estudo recente nos EUA concluiu que o quociente de inteligência (QI), que mais ou menos mede nossa inteligência, não é tão hereditário quanto se pensava. Provou-se que o cérebro se fortalece como um músculo, e que enquanto mais cedo estimulado, maior os resultados. Elaborou inclusive uma proposta que visa aumentar em vários pontos por cento a inteligência do americano médio, com estímulo à melhoria da educação nos primeiros anos de vida. E melhor ainda: é uma forma muito barata de educação.
Enquanto mais jovem o aluno, geralmente menor o gasto necessário para um ensino razoável, e mais resultado este investimento dá. Prova de que estamos no caminho inverso. Um levantamento de 2007 demonstrou que com R$ 20 bilhões podemos construir creches para todas as crianças do Brasil, e que no ritmo de evolução atual, alcançaremos esta meta em mais de 100 anos. Na outra ponta, o governo federal gastará R$ 175 bilhões até 2012 com aumento de funcionários, mais de R$ 1 bi em publicidade em 2008, e a arrecadação em 2008 subiu mais de R$ 40 bi! Questão de prioridade... (ah, e o Lula conseguiu reduzir os gastos proporcionais em educação, que cresceram menos que o PIB no primeiro mandato: de 0,8% para 0,7% do PIB, se bem que o esperto do FHC colocava o bolsa-escola dentro da conta dele...).
A educação na primeira infância deve ser foco do Estado e da sociedade, com ênfase no estímulo intelectual. Outro acerto seria o de garantir uma alimentação e nutrientes básicos para a criança enquanto ela não vai pra escola, ou mesmo depois. Um complexo vitamínico básico no estágio de formação biológica do cérebro poderia fazer mais pela educação do que outros planos educacionais que não se implementam por incompetência e falta de recursos.
E uma população mais inteligente comprovadamente tem mais sucesso profissional, se torna melhor cidadã e menos dependente do Estado, tornando cada um numa fonte de crescimento.
Espero que sejamos espertos o suficiente para adotar este caminho óbvio. Pena que os pais de nossos governantes não deram atenção aos seus desenvolvimentos cerebrais...


3 comentários:

Trova Trovoada disse...

Impressiona o nº de crianças da primeira infância que estão fora da escola. Essa é uma realidade antiga e sem clara definição de solução a curto prazo. De fato, todos conhecem pelo menos um pai/mãe que teve dificuldade ou mesmo não conseguiu vaga para seu filho na creche. A dificuldade é tamanha que muitos precisam deixar o filho com a vizinha ou então com os outros filhos, um pouco mais velhos. Sem a presença dos pais, que precisam trabalhar, e sem o acompanhamento de um professor habilitado, dificilmente essas crianças terão facilidade no processo de alfabetização. Das crianças que conseguirem se alfabetizar, pouquíssimas apresentarão hábito ou gosto pela leitura, pois não foram estimuladas a isso, quando da formação de sua personalidade, que se dá até os sete anos. Outro fato triste, é perceber que o professor, que até uns vinte anos atrás era visto como uma autoridade, verdadeiro educador em sala de aula, não passa hoje de um mero repetidor de conhecimento, sem estímulo para ensinar e sem ter o devido respeito por parte da diretoria da escola, dos alunos e dos pais destes. Aliás, a visão do ensino está totalmente distorcida, pois todos (pais, alunos, etc) colocam a culpa no professor se o aluno não aprende o conteúdo, esquecendo que o motivo se dá por uma série de circunstâncias: violência doméstica, falta de acompanhamento dos responsáveis pela criança, drogas, má alimentação, etc. O governo tem sim papel fundamental nessa questão, porquanto é sua obrigação inve$tir no ensino e formação de seus cidadãos, inclusive com ensino em período integral (conteúdo curricular básico e atividades culturais/esportivas). Cabe, portanto, a todos exigir do governo o aumento do número e da qualidade de creches e escolas, bem como da extirpação da violência em sala de aula. Porém, é fundamental que o empenho com a educação das crianças venha de casa, não apenas a educação moral, mas também o comprometimento dos pais/responsáveis com a escola, acompanhando as atividades desta e apoiando os educadores, que ajudam na formação de seus filhos.

Anônimo disse...

Trovoada, concordo plenamente! O governo sem dúvida é deficiente, mas é certo que o povo brasileiro não contribui muito para a educação dentro da família, e o que é pior, nem mesmo enxerga que é responsável por isso, tanto ou mais do que o próprio governo... E isto se aplica em outras áreas, com as devidas proporções...

Trova Trovoada disse...

Muito bacana o blog de vocês. Se me permitem tenho uma sugestão para o próximo post. Creio que seja oportuno discutir sobre a aprovação pelo Senado da PEC 12/2006, mais conhecida por "pec do calote", que foi encaminhada para a Câmara dos Deputados, e que se aprovada, prejudicará milhares de pessoas, credoras dos Municípios e Estados.