quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sarney é um fanfarrão!

O congresso é um circo, mas nós somos os palhaços

Dizem que o Congresso Nacional passa hoje por uma crise de legitimidade, com um escândalo atrás do outro. A novidade desta vez não são os acordos sujos que se escondem por trás de cada medida votada (mesmo porque não são novidade!), ou a simples falta de atividade, mas o foco da mídia nos privilégios e gastos ridículos do poder legislativo federal, que se equipara a um spa com 523 vagas deputados e 81 senadores.

Parece que a opinião pública descobriu a América revelando a ficha corrida de despesas altíssimas com coisas inúteis e longe de justificáveis. Evidentemente, isso já vem de longe, mas é ótimo que isto esteja sob os holofotes, já estava na hora! Ainda que patético termos que chegar a esse ponto pra se forçar a tomada de medidas óbvias de controle...

A ineficiência, o desperdício, a absoluta incompetência administrativa, uma máquina inchada e pesada com centenas de cargos, comissões, diretores e setores que sequer sabem para que existem, tudo isso para produzir um serviço pobre e medíocre. O Senado não passa de uma miniatura do que é toda a máquina pública no Brasil, especialmente nos altos comandos de Brasília, com seus privilégios e honrarias, com suas funções e responsabilidades em último lugar.

E ao se levantar contra isso, ao obrigar o cume de um dos poderes da república a justificar tais absurdos, se pode passar uma mensagem importante a todo setor público: o que é concedido aos dirigentes serve apenas para que cumpra uma função e uma atividade – fora disso qualquer benefício além de seu salário é abuso e privilégio injustificado.

E no meio desse caos todo com as passagens aéreas, e depois da publicidade do fato de que o Senado tem 181 diretores, chega o Sarney, uma das maiores raposas desse jogo, dar uma de eficiente e honrado: diz que vai reduzir em 40% a estrutura administrativa do senado em 60 dias! Só pode ser piada!!! Vejam só:

Primeiro, como se ele mesmo já não tivesse sido presidente do senado e senador por uns 560 anos seguidos – coitado, ele nem sabia como funcionava o Senado! Em segundo, diz que vai fazer isso seguindo um estudo encomendado à FGV, acabando com cargos e diretorias. E ai vem a segunda parte da piada.

Isto porque ele não vai cortar salário de nenhum diretor ultra-bem-pago, nem dispensar parte da enorme equipe de aduladores. Vai, aparentemente, mudar o título da maioria dos diretores para secretários, ou qualquer outra coisa, mantendo tudo como está, os gastos etc. A economia ficaria apenas no corte de algumas funções comissionadas, em redução de uns R$ 600 mil/ano, ínfima (0,02%) perto do orçamento do Senado, de cerca de R$ 2,7 bilhões em 2009 (81% gastos com funcionários, em um lugar que quase não se trabalha!). E detalhe, um estudo da mesma FGV de 1995 já tinha apontado as falhas, que foram ignoradas, claro.

Enfim, quis dar uma de honesto e pró-ativo, mas as medidas em si são só um fogo-de-palha, pra “inglês ver”, não se muda a estrutura podre do órgão. É o tal jeitinho, sabem como é!

E que isto sirva de lição na hora do governo aumentar gastos com pessoal: sempre deve se ter em mente que, com a atual legislação, cortar gastos com servidores públicos é quase impossível, mesmo quando necessário, como no caso. Uma vez contratada a despesa e o funcionário, o custo vai se arrastar até a morte dele, e do cônjuge, quem sabe! E a responsabilidade do gestor que fixa um gasto que vai surtir efeito por gerações nem sempre é levado em conta, especialmente no governo federal. Mas isso é assunto pra mais conversa...

Mande um e-mail ao gabinete do seu senador para que ele fique sabendo o que você pensa!
http://www.senado.gov.br/sf/senadores/senadores_atual.asp?o=1&u=*&p=*

Mais:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u564438.shtml http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u564988.shtml

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