quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Mais dinheiro pro Judiciário Federal...

Ato pela igualdade e bom uso do dinheiro no serviço público!

Acho que este é um tema muito delicado, mas importantíssimo, que passaremos a tratar mais neste blog. Afinal, hoje o governo gasta um absurdo com servidores, mas temos uma péssima prestação de serviços públicos.

Já para os servidores, também há muitas injustiças: ao mesmo tempo em que há uma massa enorme de servidores mal pagos e pouco equipados, há também uma pequena porcentagem que se beneficia de salários altíssimos e desproporcionais com o trabalho que realizam, drenando os recursos públicos que deveriam ir para outras áreas. Estes poucos setores acumularam regalias ao longo do tempo por serem mais organizados ou por atingir mais sensivelmente o governo por meio de greves.

Seja como for, no último dia 02.12.2009 terminou mais uma greve feita pelos servidores de todo o Judiciário Federal, vinculados ao Poder Judiciário, mas abaixo dos juízes (basicamente assessores, secretários e auxiliares de cartório, que acumulam funções de 2º ou 3º grau sem formação específica).

Neste dia, terminaram por conseguir pressionar o STF para mandar pra Câmara dos Deputados o projeto de lei que lhes concede mais de 50% de aumento! Não bastasse já ganharem rendimentos completamente fora da realidade, conseguiram mais uma vez passar na frente dos interesses do povo para pedir mais benefícios. Agora está nas mãos do Congresso, que costuma aprovar pedido de gastos com salários de outros poderes que não o Executivo (pega mal, sabe...). Confira:

http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1401174-5601,00-STF+APROVA+PROJETO+QUE+PREVE+REAJUSTE+DE+A+SERVIDORES+DO+JUDICIARIO+FEDERAL.html

A esperança é outro projeto de lei que limita o aumento dos gastos com servidores ao crescimento da economia do país. Ainda que possa prejudicar servidores que merecem aumento, a situação traz alguma trava à escalada de gastos (e de impostos) desnecessários.

A novidade desta vez foi que, para a surpresa dos servidores em comemoração a mais uma vitória, em meio aos seus gritos de ordem por igualdade e respeito (como se fossem uma classe oprimida e rejeitada), receberam das mãos de um mendigo a mensagem abaixo. O indignado redator do folheto, conhecido deste blog, não pode assistir a mais uma dos servidores da Justiça Federal, tendo contratado o mendigo por medo de represália contra o direito de expressão por parte dos servidores, já que o manifestante é advogado. O evento ocorreu na praça em frente ao Tribunal Regional Federal da 3º Região, na Av. Paulista.

Ainda que eventualmente inócuo e de teor discutível, o recado é um protesto legítimo por uma causa que a maior parte do povo desconhece, mas que tem grande impacto no nosso bolso. Parabéns pena manifestação, de qualquer jeito.

Inteiro teor do folheto distribuído:

Greve dos privilegiados
Parabéns aos servidores do Judiciário federal por passarem no STF o seu aumento de “só” 50%. Agora, quem tem formação de segundo grau começa com mais de R$ 6 mil! Enquanto isso, um professor de universidade federal em 40 horas na semana com mestrado ganha pouco mais de R$ 3.500, pesquisadores públicos ganham miséria, professores quase passam fome. Num país onde o governo sequer tem dinheiro para custear um ensino digno. Nada justifica!
Isto é um assalto ao bolso do povo brasileiro! Vocês vivem fora da realidade do país! Protegidos pela estabilidade arcaica e justificada em tempos militares, extorquem através da greve para forçar mais privilégios injustos, aumentando a boquinha e a farra do concurso público no Judiciário!
Vocês não tem vergonha de abusar tanto dos contribuintes que não sabem de seus privilégios, e pagam seus salários com altos impostos, num país de milhões de pobres? Vocês não são trabalhadores explorados em busca de ‘direitos justos e iguais’. Quisera a massa de trabalhadores ganhar o que vocês ganham, trabalhando o que trabalham.
Se o povo “trouxa” soubesse disso, estava todo mundo na rua! E na iniciativa privada ninguém ia dar uma mamata dessas pra vocês, onde se trabalha de verdade pra gerar a riqueza do país, que vocês parecem jogar pela janela. Nós sim queremos direitos iguais aos seus, mas não entrando no concurso boquinha e farra com dinheiro público! Não queremos ser como vocês... Que vergonha pedir pra ganhar ainda mais, à custa dos pobres que pagam seu salário.
O PLS 611/07 que limita a explosão recente de gastos com o funcionalismo é benéfico pro povo, só são contra os poucos servidores com salários privilegiados e fora de mercado, e sindicalistas que vivem de briga. Não tem nada de errado no Brasil querer pagar a vocês um salário justo, sem vocês fazerem o povo de refém com greve. Até porque quando servidor faz greve, não atinge o chefe dele, mas o povo que usa os serviços mal prestados e não tem culpa.
E boa festa do sindicato, a festa de trabalho com os maiores salários médios do Brasil!
Obs: aos servidores que trabalham e se esforçam neste país, me desculpem pela gravura acima, mas vocês sabem que não são maioria, infelizmente. Continuem a fazer por merecer e a tentar mudar esta mentalidade no serviço público!

3 comentários:

Anônimo disse...

Adorei a idéia, um ato sutil, mas emblemático. Parabens! Só acho que poderia ter havido uma chamado para que outros pudessem replicar o ato em outras Unidades da Federaçao. Fica a sugestao para os próximos atos.

Anônimo disse...

Por que a OAB e outras entidades associativas e também pessoas que dependem do serviço público não tem coragem de denunciar a pouca produtividade e a má vontade dos servidores públicos? Basta observar as atividades nos Cartórios do Judiciário e nos hospitais, para ver a "boa vontade" e o "empenho" desses servidores! E o caso dos falsos doentes agora descobertos no TJSP? Todos os advogados sabiam disso, e só agora os desembargadores descobriram? O que faz a Corregedoria?

oswaldo duarte disse...

Servidor público ou "do público" neste país, ao contrário do entendimento do Leonidas, não tem apego à coisa pública. Se houvesse avaliação de produtividade, grande parte, maioria, estaria na rua da amargura. Cada um faz o que quer e quando quer, e não há quem tome conta.